sábado, 15 de abril de 2017

A todos meus amigos e amigas, visitantes e leitores do Blog. Feliz Páscoa!


Algumas coisas são explicadas pela ciência, outras pela fé. A Páscoa ou Pessach é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé, Páscoa é amor.

Albert Einstein

“Reforma” trabalhista ponto a ponto: o que era ruim, ficou pior!

O relatório que o deputado Marinho apresentou é um novo projeto, que trouxe algo inimaginável em outro contexto. No atual, está configurado o “vale tudo”, o “salve-se quem puder”, o “poder do mais forte”, porque será isto que definirá os processos negociais pós-CLT.

Por Marcos Verlaine* Agência DIAP

O relator do projeto que trata da “reforma” trabalhista (PL 6.787/16), deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), apresentou parecer, na forma de substitutivo, à proposta do governo, no dia 12 de abril. O que já era ruim, ficou muito pior. O parecer é obra de catedráticos do mercado. Foi feito a várias mãos. Cuidaram de tudo. Grosso modo, não tem brechas ou erros que possam comprometê-lo.

O substitutivo dos catedráticos do mercado é de fato uma reforma para o mercado e o capital, e o desmonte para os trabalhadores e suas organizações protetivas, os sindicatos. Trata-se, portanto, “da mais profunda e extensa proposta de precarização das relações de trabalho dos últimos 70 anos”, como preconiza nota técnica sobre o substitutivo, elaborada pela LBS Advogados, parceiro do DIAP.

Numa análise preliminar, vê-se que os trabalhadores perderão com a aprovação do fim das proteções legais aos direitos conquistados ao logo de mais de 70 anos de lutas.

Para o mercado e o capital, a reforma fornece “segurança jurídica” e propícia a tão propalada “melhoria do ambiente de negócios”. Estes eufemismos ancoram o desejo, há muito acalentado pelo mercado, de acabar com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e desmontar o movimento sindical. E não pode ser diferente, pois para cumprirem esse script precisam destruir as organizações que irão se opor ferrenhamente ao cenário devastado que surgirá pós-CLT.

O relatório que o deputado Marinho apresentou é um novo projeto, que trouxe algo inimaginável em outro contexto. No atual, está configurado o “vale tudo”, o “salve-se quem puder”, o “poder do mais forte”, porque será isto que definirá os processos negociais pós-CLT.

Negociado sobre o legislado
A coluna vertebral do projeto é a instituição do negociado sobre o legislado. É como dissemos em outras oportunidades, que não ficaria apenas nos treze itens do projeto original. O relator ampliou para quatro vezes mais o que o governo propôs.

Além da prevalência da negociação sobre a legislação, o relator acrescentou que os acordos poderão se sobrepor às convenções. Isto é, se alguma convenção avançar o sinal, o acordo poderá reduzi-la.

Comissão de representantes
O substitutivo apresentado propõe a instituição da comissão de representantes no local de trabalho. Pelo texto, essa comissão vai substituir as prerrogativas e responsabilidades do sindicato, inclusive com poder negocial.

A eleição da comissão não poderá sofrer “interferência” da empresa e do sindicato da categoria. E, ainda, “organizará sua atuação de forma independente”. Os membros terão estabilidade. O mandato será de um ano, com uma recondução, mas os representantes não terão liberação.

Contribuição sindical
O texto do relator extingue, na prática, esta e outras formas de custeio para os sindicatos e os empregadores, que até poderão descontar a contribuição dos empregados, “desde que por eles devidamente autorizados”.

Veja a redação do substitutivo: “Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação. (NR)”

Por esta orientação expressa, vê-se qual intenção está por trás dessa lógica: asfixiar financeiramente o movimento sindical. Sem recursos materiais e financeiros, não poderá fazer frente ao desmonte da CLT e a precarização das relações de trabalho que advirá com o fim do mínimo exigido, que é a legislação trabalhista.

Acordo extrajudicial
Outra mazela que compõe o cardápio de maldades apresentado pelo relator é o acordo extrajudicial irrevogável, que impede o trabalhador de ir à Justiça buscar algum direito ou reparação de dano.

Esse acordo, pelo substitutivo apresentado, terá termo de quitação anual das obrigações trabalhistas. Isto é, uma vez feito não restará o que reclamar ou buscar na Justiça.

Terceirização e novos contratos de trabalho
O substitutivo de Marinho atualiza a Lei da Terceirização geral e fecha as brechas contidas na Lei 13.429/17, sancionada no dia 31 de março. Além disso, propõe novas formas de contratação, além dos contratos de trabalho a tempo parcial e temporário.

O novo texto do relator institui o contrato de trabalho intermitente e o teletrabalho. Estas modalidades de relações precárias de trabalho jogarão milhões de trabalhadores em condições extremas. Sem a fiscalização do Estado, será de fato a “melhoria do ambiente de negócios”, mas só para os donos dos negócios.

(*) Jornalista, analista político e assessor parlamentar do Diap

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Camarão capaz de matar peixes com som é nomeado em homenagem ao Pink Floyd

Espécie foi encontrada na costa Pacífica do Panamá e batizada como Synalpheus pinkfloydi

Do Correio do Povo

Uma recém descoberta espécie de camarão, que usa uma garrabrilhante cor-de-rosa para criar um som alto o bastante para matar peixes pequenos, foi nomeada em homenagem à banda inglesa Pink Floyd. 

Encontrado na costa Pacífica do Panamá foi batizado como Synalpheus pinkfloydi na revista científica Zootaxa. O pesquisador do Museu de História Natural da Universidade de Oxford Sammy De Grave, é um dos três cientistas creditados com a descoberta.

De acordo com Oxford, algumas espécies de camarão fecham suas garras maiores numa velocidade suficiente para criar uma bolha que explode. Isso pode produzir um som capaz de atingir 210 decibéis – muito mais alto do que o de um tiro – e é suficientemente poderoso para atordoar ou até matar pequenos peixes. Durante uma fração de segundo, a bolha implode e também gera temperaturas impressionantes de 4.400ºC. Algumas espécies de camarão-pistola ainda usam essa habilidade para criar tocas, perfurando rochas sólidas de basalto.

Pink Floyd álbum "Ummagumma

De Grave diz que a descrição do animal foi “a oportunidade perfeita para finalmente celebrar minha banda preferida”.“Eu já vi seus shows ao vivo diversas vezes deste então, incluindo a apresentação no Hyde Park para o Live8 em 2005”. A equipe de Oxford ainda colocou o camarão em capas fictícias de dois álbuns de Pink Floyd: "The Wall" e "Animals". No último, o crustáceo ocupa o lugar de um dirigível na forma de um porco cor-de-rosa, flutuando sobre a usina termelétrica de Battersea, em Londres.

O ícono grupo britânico tem outra homenagem na natureza: uma espécie de donzela foi nomeada a partir do álbum "Ummagumma", de 1969. Ao estalar sua garra em alta velocidade, o camarão cria uma bolha de cavitação de alta pressão que colapsa para produzir um dos sons mais altos do oceano.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Manifesto aponta desmonte do país e propõe projeto nacional

Foto: Deyvid Setti e Eloy Olindo Setti

Por Luis Nassif

Liderados pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira, economistas, professores, físicos, engenheiros, sociólogos, músicos, arquitetos,
cineastas, escritores, intelectuais, políticos, advogados estão lançando o Manifesto do Projeto Brasil Nação.

O texto afirma que o Brasil passa por um desmonte, com o esquartejamento da Petrobrás, a destruição da indústria, a demolição de direitos sociais. Esse processo levará o país “à dependência colonial e ao empobrecimento dos cidadãos, minando qualquer projeto de desenvolvimento. Privatizar e desnacionalizar monopólios serve apenas para aumentar os ganhos de rentistas nacionais e estrangeiros e endividar o país”.

De acordo com o documento, “o governo reacionário e carente de legitimidade não tem um projeto para o Brasil. Nem pode tê-lo, porque a ideia de construção nacional é inexistente no liberalismo econômico e na financeirização planetária. Cabe a nós repensarmos o Brasil para projetar o seu futuro – hoje bloqueado, fadado à extinção do empresariado privado industrial e à miséria dos cidadãos”.

Para o grupo, o crescimento do país, com inclusão e independência, exige a definição de um projeto nacional, “baseado nas nossas necessidades, potencialidades e no que queremos ser no futuro”.

O manifesto apresenta cinco pontos econômicos, instrumentos “que mostram que há uma alternativa viável e responsável para o Brasil”.

Em poucos dias, o texto já obteve mais de 150 adesões. Entre elas, estão:

Luiz Carlos Bresser-Pereira, economista

Eleonora de Lucena, jornalista

Celso Amorim, embaixador

Raduan Nassar, escritor

Chico Buarque de Hollanda

Mario Bernardini, engenheiro

Roberto Schwarz, crítico literário

Pedro Celestino, engenheiro

Fábio Konder Comparato, jurista

Kleber Mendonça Filho, cineasta

Laerte, cartunista

João Pedro Stedile, ativista social

Wagner Moura, ator e cineasta

Vagner Freitas, sindicalista

Margaria Genevois, ativista de direitos humanos

Rogério Cezar de Cerqueira Leite, físico

Fernando Haddad, professor universitário

Marcelo Rubens Paiva, escritor

Maria Victoria Benevides, socióloga

Luiz Costa Lima, crítico literário

Paul Singer, economista

Ciro Gomes, político

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, economista

Alfredo Bosi, crítico e historiador

Eclea Bosi, psicóloga

Manuela Carneiro da Cunha, antropóloga

Fernando Morais, jornalista

Leda Paulani, economista

André Singer, cientista político

Mino Carta, jornalista

Luiz Carlos Barreto, cineasta

Paulo Sérgio Pinheiro, sociólogo

Maria Rita Kehl, psicanalista

Paulo Henrique Amorim, jornalista

Tata Amaral, cineasta

Eric Nepomuceno, jornalista

Carina Vitral, estudante

Luiz Felipe de Alencastro, historiador

Altamiro Borges, jornalista

Roberto Saturnino Braga, engenheiro e político

Roberto Amaral, cientista político

Eugenio Aragão, subprocurador geral da República

Ermínia Maricato, arquiteta

Marcia Tiburi, filósofa

Frei Betto, escritor e religioso


Arquivo

Azeite: fiscalização do governo identifica irregularidades em 45 marcas. Santa Catarina na rota

 Amostras foram colhidas em doze Estados e no Distrito Federal.
Leia abaixo as marcas que apresentam irregularidades

As  marcas que apresentaram irregularidades estão a Astorga, Carrefour, Almeirim, Conde de Torres, entre outras. 

As marcas que passaram nos testes encontram-se Andorinha, Aro, Apolo, Borges, Belo Porto, Carrefour Discount e outras.

Azeite: fiscalização do governo identifica irregularidades em 45 marcas

Por: Estadão Conteúdo

Ministério da Agricultura identificou irregularidades em 45 marcas de azeite entre 140 coletadas nos últimos dois anos. As amostras foram colhidas em doze Estados e no Distrito Federal, num total de 322.329 litros (dos quais 114.750 litros considerados conformes e 207.579 litros com problemas). A equipe de fiscalização inspecionou 279 amostras de 214 lotes. Do total, 38,7% dos lotes tinham problemas e 79% das irregularidades eram relacionadas à baixa qualidade (produto ruim vendido como bom).
De acordo com o ministério, em comunicado, a fraude mais comum praticada por empresas envazadoras é a utilização de óleo vegetal com azeite lampante, que tem cheiro forte e acidez elevada (extraído de azeitonas deterioradas ou fermentadas) e que não deve ser destinado à alimentação. No Paraná, foram identificadas empresas que vendiam produto como azeite de oliva, mas com composição de 85% de óleo de soja e 15% de lampante. Segundo o ministério, as fraudadoras foram autuadas, multadas em até R$ 532 mil por irregularidade encontrada e os produtos foram apreendidos para descarte. As empresas também foram denunciadas ao Ministério Público. O próximo passo é a abertura de inquérito policial.
As análises, realizadas pelos Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagro) do Rio Grande do Sul e de Goiás, também apontaram azeites desclassificados (que podem não ser considerados como azeite) e fora de tipo (não tem boa qualidade).

Os Estados em que foram registradas mais irregularidades foram São Paulo, Paraná, Santa Catarina e o Distrito Federal, onde se concentram o maior número de empresas que envazam o produto. Os envazadores, que importam a granel, principalmente da Argentina, foram os que apresentaram mais irregularidades.
O Brasil é o terceiro maior importador de azeite de oliva do mundo, segundo dados do Comitê Oleícola Internacional (COI). Em 2016, o País importou cerca de 50 milhões de toneladas do produto.

Consumidor

Para o consumidor evitar ser enganado, a primeira coisa na qual deve prestar atenção é o preço: desconfie se estiver muito abaixo do padrão. Verificar no rótulo o local em que foi envazado, se no país de origem, por exemplo, pode dificultar fraude, como misturas.
Além disso, especificações como o termo tempero em letras miúdas e, em destaque, azeite de oliva. Não se trata de azeite adicionado de especiarias, mas de tempero vendido como azeite de oliva. Qualquer adição ou mistura com outros óleos vegetais requer que o produto seja rotulado como "õleo misto ou composto", devendo o consumidor ser obrigatoriamente informado sobre os porcentuais que compõem a mistura.
O Ministério da Agricultura divulgou em seu site www.agricultura.gov.br duas listas de marcas de azeite, as em conformidade e as irregulares, de acordo com a fiscalização realizada em 140 marcas, coletadas nos últimos dois anos.

O despacho do Supremo Tribunal Federal (STF) que relaciona o governador de Santa Catarina com a Operação Lava Jato narra o pagamento de R$ 2 milhões



do FAROL

O despacho do Supremo Tribunal Federal (STF) que relaciona o governador de Santa Catarina com a Operação Lava Jato narra o pagamento de R$ 2 milhões, por meio do chamado caixa 2, em 2010. O documento faz parte das delações de Fernando Luiz Ayres da Cunha Santos Reis e Paulo Roberto Welzel.

“Relatam o pagamento de vantagens, no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), de forma não contabilizada, a pretexto da campanha eleitoral de João Raimundo Colombo ao governo do Estado de Santa Catarina, no ano de 2010. A negociação foi intermediada pela pessoa de Ênio Branco e os valores foram entregues a José Carlos Oneda, sendo que objetivava-se, como contrapartida e em caso de vitória eleitoral, o favorecimento do Grupo Odebrecht na área de saneamento básico”.


Como não tem nenhum político com foro privilegiado na mesma investigação, o relator do caso, ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, remeteu a petição do governador (6762) para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), corte que tem a função de investigar e julgar governadores. É no mesmo STJ que um outro inquérito já está em andamento pode também relacionar o governador ou ser anexado ao caso narrado pelo ministro Fachin. Trata-se do inquérito 1139. No dia 19 de dezembro de 2016, o processo recebeu uma petição em sete folhas de André Agostini Moreno.
Como mostrou o jornal notícia do Dia em março de 2016, identificado pelo codinome “Galego”, Agostini Moreno é assessor comissionado da Secretaria de Estado da Casa Civil em Santa Catarina. Foi apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como um dos recebedores de propina em espécie distribuída por executivos da Odebrecht para agentes públicos e políticos.

Moreno foi conduzido coercitivamente durante a 26ª fase da operação, chamada de Xepa. Após prestar depoimento, foi liberado. A defesa nega que ele tenha recebido valores, enquanto o governo afirma até agora desconhecer ligações do servidor com a construtora. O assessor foi identificado entre os nomes da investigação de pagamentos ilegais feitos de forma organizada em uma série de obras no país, envolvendo os governos federal, estaduais e municipais. Além de assessor da Casa Civil, Moreno também atuou como advogado da coligação do PSD.

O nome de Moreno aparece em uma planilha na qual o diretor da Odebrecht Ambiental, Eduardo Barbosa, teria determinado o pagamento de R$ 1 milhão, no dia 23 de outubro de 2014. Na época, o assessor era o advogado no TRE-SC (Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina) da chapa que reelegeu Raimundo Colombo.

Segundo a investigação, o valor em espécie foi pago no hotel Grand Hyatt, na avenida Nações Unidas, bairro do Brooklin, em São Paulo. “Requisitadas informações ao hotel, foi possível localizar um hóspede de nome André Agostini Moreno no período da entrega”, completa o relatório da PF e que motivou o pedido de depoimento do servidor do governo estadual. André Agostini Moreno foi nomeado no inicio do governo de Raimundo Colombo, como assessor da Casa Civil, em 3 de janeiro de 2011. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), está filiado ao PSD desde outubro de 2011. Nas eleições de 2014 atuou como advogado da coligação, inclusive defendendo a prestação das contas do partido, aprovadas com ressalvas pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral).

Em nota divulgada ainda na noite desta terça-feira (11), o governo nega que a empresa tenha relações com a administração estadual :

“Conforme foi informado desde a primeira vez, a empresa Odebrecht não tem nenhum contrato, obra ou projeto com o Governo do Estado de Santa Catarina, não tendo sequer participado de licitações desde o início da atual administração em janeiro de 2011. 

O Governo do Estado aguarda a abertura do sigilo das informações para prestar todos os esclarecimentos cabíveis.”


Questionado pela reportagem do site sobre o conteúdo despacho que cita os diretores da Celesc, o diretor de imprensa do governado estadual, Claudio Thomas, disse que ainda não tinha ainda essa informação e que buscaria uma resposta na manhã desta quarta-feira (12). 

foto cangablog

Leia todos os despachos de Edson Fachin para abertura de inquéritos contra Lula

  
Delações da Odebrecht incriminam lobby, diplomacia e influência de Lula

Do Jornal GGN

Das seis frentes de acusações que recaem sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cinco referem-se sobre o lobby político junto a relações diplomáticas, por governabilidade ou por supostos benefícios de terceiros. Apenas uma é acusação direta: a mesma do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo.

Dois inquéritos aceitos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, a partir das delações da Odebrecht, irão apurar se Lula atuou em favor da empreiteira para se destacar no mercado nacional e internacional. 

Uma referente a serviços em Angola, Lula teria conseguido a presença da empresa nacional no exterior. Em troca, as acusações impõe que Lula teria solicitado favorecimento a uma empresa de seu sobrinho Taiguara Rodrigues, a Exergia, entre os anos de 2011 e 2014, contratada para os serviços no país.

“Segundo o Ministério Público, os colaboradores relatam que o Grupo Odebrecht, entre os anos de 2011 a 2014, teria contratado a empresa Exergia, de propriedade Taiguara Rodrigues, objetivando prestação de serviços em Angola. Esclarecem, nesse contexto, que a referida contratação constituiria atendimento a pedido formulado pelo próprio ex-Presidente, acrescentando que a empresa Exergia não detinha experiência no ramo de construção e seria constituída por Taiguara Rodrigues tão somente para fazer uso da influência do ex-Presidente da República”, diz trecho do inquérito.

Outra, o ex-presidente teria intermediado a boa relação da Odebrecht junto ao governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Lula se comprometeu a melhorar as relações da empreiteira na gestão de Dilma, e em troca, a Odebrecht teria favorecido projetos de seu filho caçula, Luís Cláudio Lula da Silva. 

A delação é do patriarca da família, Emílio Alves Odebrecht, e do ex-diretor de Relações Institucionais da empreiteira, Alexandrino Alencar, que afirmaram: "o ex-presidente Lula teria se comprometido a melhorar a relação entre o Grupo Odebrecht e a então presidente Dilma, sendo que, em contrapartida, receberia o apoio da Odebrecht na atividade empresarial desenvolvida por seu filho Luís Cláudio".

Neste último caso, não há menção de nenhum repasse ao filho do ex-presidente. Aponta-se, apenas, uma suposta relação de influências, sem indicação de propinas. No despacho de Fachin, o ministro relata que os delatores disseram que se encontraram com Luís Cláudio para conhecer o projeto "Touchdwn", para a criação de uma liga de futebol americano no Brasil.

Um terceiro inquérito não há sequer a confirmação de que o ex-presidente teria atuado no caso. O ex-diretor de relações institucionais, Alexandrino Alencar, e o chefe do departamento de Operações Estruturadas, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, narraram que o irmão de Lula, José Ferreira da Silva, conhecido como "Frei Chico", recebia da Odebrecht uma espécie de "mesada".

“Narram os executivos que os pagamentos eram efetuados em dinheiro e contavam com a ciência do ex-presidente, noticiando-se, ainda, que esse contexto pode ser enquadrado ‘na mesma relação espúria de troca de favores que se estabeleceu entre agentes públicos e empresários’”, é o que diz o documento.

Lula, como deixa claro Fachin, não teria tido atuação direta, apenas "sabia" dos supostos repasses.

Um quarto caso trata-se de uma relação diplomática do ex-presidente no Porto de Mariel, em Cuba. Tanto Lula, quanto o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, atuaram e intercederam para que fosse possível a contratação da empresa brasileira nas obras. A criminalização da atuação de Lula ocorre, ainda que de forma controversa, porque parte dos recursos - US$ 682 milhões dos US$ 957 milhões - partiu de financiamentos do BNDES.

Por fim, um quinto inquérito é sobre a suposta operação de caixa dois para a campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, em 2012. Ao contrário do que divulgou a maior parte dos jornais nestas terça e quarta-feiras, o despacho de Fachin não indica que Lula "pediu" os recursos. Novamente, é investigado porque negociou as doações da empreiteira. 

As delações são de Emílio e Marcelo Odebrecht. "Essas transações foram ajustadas entre executivos do Grupo Odebrecht, especialmente Marcelo Odebrecht, Emílio Odebrecht e Alexandrino de Alencar, e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e outros integrantes do PT".

Da mesma forma como ocorre em todas as articulações para doações a campanhas eleitorais, a Odebrecht auxiliaria nas eleições do PT, de olho na "aprovação de medidas legislativas favoráveis aos interesses da companhia" em São Paulo e na Concessão de Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento (CID), título relacionado a impostos municipais. Entretanto, a transação teria ocorrido com "recursos não contabilizados", segundo delatores.

O último inquérito, já de conhecimento público pelas ações de Sérgio Moro, da Vara Federal de Curitiba, é sobre o sítio de Atibaia. Marcelo e Emílio contaram que, com o intuito de agradar o ex-presidente, decidiram reformar o sítio no interior de São Paulo, realizar a compra de imóveis para uso pessoal e para a instalação do Instituto Lula, além de doações a palestras do ex-presidente.

Todos os inquéritos que mencionam Lula como investigado foram remetidos à Vara Federal de Curitiba, no Paraná, nas mãos do juiz Sérgio Moro. O pedido foi do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que sustenta a tese que todos os favorecimentos ao ex-presidente diretamente, a pedidos feitos por ele ou, inclusive, por apenas consentimentos de Lula, eram na verdade benefícios em troca do que o político fez pela Odebrecht.

Como é o juiz Sérgio Moro quem investiga essa tese, uma vez que o primeiro procurador a levantar a teoria foi Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa, ainda no pedido de condução coercitiva, em março do último ano, todos os casos foram remetidos à Vara.

Em resposta, o ex-presidente ressalta que em todos os processos em tramitação já foram ouvidas 102  pessoas, incluindo os mesmos delatores, e testemunhas de acusação e de defesa. "Nenhum desses depoentes fez qualquer afirmação que pudesse envolver Lula em ato ilícito relativo à Petrobras ou às propriedades que lhe são indevidamente atribuídas, especialmente o apartamento do Guarujá e o sítio de Atibaia". 

"Só a permanente prática do lawfare explica esse novo episódio, após a superação de todas as anteriores suspeitas lançadas contra nosso cliente. (...) Lula já teve todos os seus sigilos quebrados, no Brasil e no exterior. E nenhum valor ilegal foi encontrado, porque ele não recebeu qualquer valor ilegal", completou, em resposta o advogado Cristiano Zanin Martins.


Assista ao posicionamento da defesa:


Leia, abaixo, todos os despachos de Edson Fachin para abertura de inquéritos contra Lula:

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